– Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.”
A cidade do sol está literalmente construindo um sol no meio dela mesma. O arena das dunas. Uma maravilha para todos desfrutarmos igual aos parques públicos ou ruas arborizadas. As árvores são casas!
Mas não é simples assim, o sol precisa de espaço e de acessos. Os acessos servem para os carros, pois eles desf de todos os felizes natalenses que desfrutam do belo serviço de transporte coletivo dessa cidade que tem um potencial de existir, sem essa necessidade de CRESCER pra os lados ou pra cima, incluindo em cima do pouco de verde dos interstícios da cidade.
Esse mosaico-cidade tem uma plataforma cada vez mais comum. Vem diminuindo o verde fundamental de nossas ruas, além de privilegiar uma cultura da ocupação simplista do espaço urbano. Árvores provavelmente serão derrubadas, pois elas não impedem o crescIMENTO da cidade. Próximo ao antigo Machadão serão construídos os túneis, viadutos e vias para melhorar o trânsito no local. O problema é que exatamente essas obras atrapalham a mobilidade das pessoas na cidade, dando vez á lógica do carro como principal forma de se mexer nessa pequena cidade que é Natal
Fui acompanhado de mais um que queria saber o que é aquilo. Mas um só, ou dois podem fazer demais, mas fizemos. Constatamos que 61 árvores serão retiradas de seus lares, suas casas para dar lugar a uma mega estrutura dessa.
Por que viaduto e não um sistema de integração de ônibus para as pessoas? Provavelmente as árvores seriam aproveitadas para sombreamento da área, possibilitaria o acesso rápido ao estádio, sem o uso do carro. Será que todos os ciclistas vão usar o carro? E onde vão colocar perto do estádio. É meio que irresponsabilidade social e preferências escusas. Derrubar árvores já era e ninguém sabe. Quem quer estacionamento no sol? Nem eu, mas concretar tudo não ajuda.
Essa seria uma boa proposta…
Certamente menos árvores seriam derrubadas.
Quanto ao sol construído acho que ele vai irradiar um calor agradável quando começar a refletir com força as luzes de seu pai. O sol fraquinho de Natal, cidade com uma das maiores incidências de raios UV do Brasil! Fantástica escolha… Nem umas plaquinhas solares? Gerariam energia e diminuiriam o calor daqui. Galera antenada do que tá acontecendo no mundo, viu?? Super vanguarda. Os irresponsáveis do meio ambiente. Perdoem os que sentiram. Só uma opinião!
O planejamento é tão levado à sério, que algumas árvores não chegaram nem a crescer.
Outras são antigas e ainda são aproveitadas para dar um sombrinha, que ninguém vai ficar embaixo do sol.
Acho que será uma das últimas e fica bem de frente onde já poem as “placas refletoras” que vão contribuir para a dirigibilidade local e esquentar um pouquinho mais.
Ficar em casa, não muda nada. Tem que se ir pra rua. Se precisar, fico agarrado com uma dessa. Sei de casos que funcionaram. Minha filha vai viver onde, quando eu me for? E meus netos? Pensar no futuro é bom, mas é importante viver essa cidade de agora com vistas a uma boa cidade amanhã.
Tantas coisas importantes pra si fazer e o pessoal ainda preocupado com viadutos.
Que cidade engraçada! Mas ela não se faz engraçada sozinha. Ainda tem gente que acredita diferente e faz diferente.
Vou plantar árvores no bairro que moro e espero que o sol dali não chegue aqui.
É preciso integrar os aspectos urbanos. Arborização e mobilidade e saúde e lazer e economia e educação…. Unidos, fica muito mais provável promover a qualidade da vida para as pessoas. Prioridades da cidade.
Bem, aqui vai um pequeno desabafo e um alívio para o cotidiano pedalado.
Quando estou com capacete, as pessoas respeitam mais minha situação de ciclista urbano. Talvez seja uma maneira de me visualizarem mais fácil, ou ainda uma perspectiva de responsabilidade que o uso do equipamento passa (como o uso do cinto de segurança ou do capacete na moto, sabe?). Talvez um estereótipo de ciclista. Não sei, mas isso eu notei.
Ônibus, carros, motos, vans, a maioria respeitam e não dão fechadas perigosas, imprensadas, ao contrário, buzinam avisando que viram, ou depois de ver meu dedão levantado e agradecendo antes mesmo de eles chegarem perto. Tenho tido espaço!
O capacete é importante, reconheço, não apenas para a visualização, mas para a proteção da cachola. Entretanto, convivemos com milhares de pessoas que não o usam. É preciso considerar todos os ciclistas, estejam eles com ou sem capacete. A cultura do uso do capacete precisa estar subjacente ao princípio do respeito e da proteção aos menores do trânsito.
“Experienciar é vencer os perigos. A palavra experiência provém da mesma raiz latina (per) de “experimento”, “experto” e “perigoso”. Para experienciar no sentido ativo, é necessário aventurar-se no desconhecido e experimentar o ilusório e o incerto. Para se tornar um experto, cumpre arriscar-se a enfrentar os perigos do novo.”
Yi-Fu Tuan-Espaço e lugar: a perspectiva da experiência
“Todas as formas ainda se encontram em esboço,
Tudo vive em transformação:
Mas o universo marcha
Para a perfeita arquitetura. […]
Nada poderá se interromper
Sem quebrar a unidade do mundo.”
Murilo Mendes
“And a great deal of adimiration
goes out to all those others travelers,
backpackers and surfers we met along the way.
Out there, on the go, seeing the world,
taking it all in.
Stay on track or off and enjoy the view.”
Existem limites? As linhas existem porque as vemos, n´s as criamos e nos separamos do que est´ ao nosso redor, imediatamente dentro de n´s. Quando palavras deixam de existir por parecer faltar algo?
Falta, de fato?
A onda nos ´, o asfalto sou eu e ´voc^.
Ladeiras viram subidas e nos deitamos nos rios.
Pedalamos, respiramos, sentimos tudo que somos sem dintinç~es, simplesmente sendo o tudo que nos envolve sem limite. At´onde a bicicleta n~o sou eu? O que nos separa?